Ateneu Cooperativo, 1951-1970 | Arquivo Histórico-Social / Projecto MOSCA

A partir dos anos '50 do século XX alguns libertários aproximaram-se do cooperativismo, empenhando-se na promoção dos seus ideais e das suas práticas, nas condições restritivas impostas pelo Estado Novo.

Este fundo documental do Ateneu Cooperativo (Fraternidade Operária) compreende 14 caixas de documentação administrativa e doutrinária desta associação, a que esteve ligado o nome de António Sérgio e de militantes de diversas orientações anti-fascistas.

À data do seu encerramento forçado pelas autoridades, em 1972, Emídio Santana terá recolhido toda a documentação que aí se encontrava depositada com o concurso de Moisés Silva Ramos e de outros anarquistas. Entre esses documentos encontrava-se igualmente o espólio de Manuel Joaquim de Sousa e os documentos de congressos operários antigos por este guardados e que para aí tinham sido levados pelo seu filho Germinal de Sousa. O espólio do cooperativista J. D. Agudo foi também salvaguardado nessa ocasião, acabando por integrar o AHS associado à documentação do AC.

O Ateneu Cooperativo teve origem na Casa do Povo de Lisboa, criação socialista que, em 29 de Dezembro de 1933, passou a designar-se Fraternidade Operária de Lisboa. Em 1956, esta sociedade cooperativa alterou o seu pacto social, passando então a designar-se Fraternidade Operária de Lisboa - Ateneu Cooperativo, S.C.R.L.

O A.C. definiu-se como uma sociedade de crédito, consumo e de propaganda do cooperativismo. Entre as suas actividades conta-se a organização de viagens de estudos a cooperativas, as reuniões períodicas de discussão de ideias e experiências nacionais e estrangeiras, as conferências e colóquios, bem como a publicação de obras sobre doutrina cooperativista. Associado ao Ateneu Cooperativo estava a UNICOOPE que iniciou a sua atividade como  armazém abastecedor. O seu objectivo seria apoiar, de forma sustentada, a expansão desse modelo de organização caro a António Sérgio.

O Ateneu Cooperativo, que desenvolveu a sua actividade num meio hóstil aos seus ideais, acabou por ser uma escola de cooperativistas. "Foi extinto em Outubro de 1972 após se ter recusado a pedir aprovação dos seus estatutos por força do regime ditatorial, prevalecendo a UNICCOPE que acaba por desaparecer no pós Abril de 1974" (Santos, 2009, Parente e outros, 2008)

Bibliografia:

Parente, Cristina (Coord.) e outros - O empreendorismo social: dos conceitos às escolas de fundamentação. As configurações de um conceito em discussão. -  S.l.: Janeiro de 2012. - Texto de trabalho do projecto "Empreendedorismo Social em Portugal: as políticas, as organizações e as práticas de educação/formação (PTDC/CS-SOC/100186/2008) disponível em linha (último acesso 2/1/2013) em http://www.academia.edu/1442433/Empreendedorismo_Social_dos_Conceitos_as_Escolas_de_Fundamentacao._As_Configuracoes_de_um_Conceito_em_Construcao

Santos, José (2009). Maneiras Cooperativas de Pensar e Agir. Contributo para a História do Cooperativismo. - Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas.