José Rodrigues Reboredo (documentos)

Por Paulo Guimarães

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Visão geral da colecção ou fundo

Título: José Rodrigues Reboredo (documentos)

ID: C/RJR/CRJR

Entidade produtora: Reboredo, José Rodrigues (1891-1952)

Dimensão: 1.0 Pastas

Organização: Esta documentação foi instalada numa  caixa(s) de arquivo.

Data de incorporação: 00/00/1985

Línguas: Português

Resumo

Foi militante anarcossindicalista do Porto. Profissionalmente confeiteiro.

Documentação de José Reboredo consistindo em correspondência e depoimentos manuscritos, além de extratos de publicações impressas e de um texto póstumo de Luís Laranjeira escrito em castelhano.

Âmbito e conteúdo

Esta coleção é composta de 1 caixa(s)

A caixa 59 contém: 1 documento de memórias sobre o Tarrafal; 3 cartas de José Rodrigues Reboredo; 1 conjunto de fotocópias e recortes referentes a José Rodrigues Reboredo

Family History

Nascido em Barcelos, no ano de 1891, José Rodrigues Reboredo faleceu no Porto em 17 de Junho de 1952. Ao contrário de alguns jovens de sua idade pôde frequentar a escola primária e chegou até ao liceu, não podendo terminá-lo. Por morte de seu pai foi trabalhar como confeiteiro numa casa do ramo, em Viana do Castelo. Pouco depois casava-se com uma sobrinha de um dos seus patrões, e acabou anos depois vindo residir no Porto. Desde então passou a trabalhar e a estudar sôzinho, conseguindo aprender as línguas francesa, inglesa, alemã e castelhana. Mas o seu aprendizado não se circunscrevia à profissão de confeiteiro de que chegou a ser um mestre exímio, nem aos idiomas que o ajudavam a entender receitas estrangeiras, devotou-se também ao sindicalismo e depois ao anar¬quismo, em cuja filosofia também foi mestre. Primeiro ingressou no sindicato da classe e depois no grupo anarquista editor de A Aurora, A Comuna e A Vanguarda Operária, todos do Porto, tendo desem¬penhado ali funções de administrador e de redactor. Todavia, em 1932, no 6.° ano da ditadura de Carmona e Salazar, os agentes da polícia política resolveram persegui-lo, assaltando a oficina onde trabalhava Reboredo na intenção de prendê-lo. Mas graças à ajuda de companheiros con¬seguiu escapar e refugiou-se na província. Mas o lugar era pequeno demais para a grandeza das suas ideias libertárias e da sua bondade. Em pouco tempo chama a atenção para a sua conduta, é denun¬ciado por agentes locais, a P.I.D.E. parte no seu encalço e ele passa clandes¬tinamente a fronteira espanhola chegando à Galiza, depois a Madrid, e fixa-se por fim em Barcelona. Livre dos esbirros salazaristas caminha ao encontro de outros exilados portu¬gueses e principia uma luta extraordinária em quatro frentés de trabalho: filia-se na C.N.T., ondç colabora; forma um grupo com outros anarquistas portugueses e dá vida à Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados (F.A.P.E.); inicia a publicação do jornal Rebelião, em Espanha, e começa a fazer doces em casa para vender nas ruas, graças aos quais consegue sustentar companheiros desempre¬gados, como bem nos conta Correia Pires nas suas memórias. Surpreendido em Barcelona pela Guerra Civil 1936-1939, foram-lhe confiadas diversas missões especiais pelos anarquistas espanhois, algumas bem espi-nhosas, que o levaram a regressar clandestinamente a Portugal e a ir, depois, ao Norte da África e a França. Neste período fez parte da "Emissora Fantasma", onde desempenhou papel da mais alta responsabilidade revolucionária. Com a vitória do fascismo entrou em França e não tardou a ser internado num Campo de Concentração de onde saiu para ser preso em Portugal pela P.I.D.E. e remetido ao Tarrafal, Campo de Concentração fundado por Carmona e Salazar em Cabo Verde. Ali sofreu heroicamente ao lado de outros anarquistas a ferocidade dos comandantes das "Brigadas Bravas", do Dr. Pais Pratas e de uma chusma de militares que fizeram carreira e ganharam promoções à força de torturar e cas¬tigar idealistas, honrados pais de familia, como José Rodrigues Reboredo. Do anarquista, da figura humana, poder-se-iam encher páginiis e páginas, tal era a grandeza e o exemplo vivo de bondade de José Rodrigues Reboredo, mas vamos colher trechos de uma das suas cartas dirigidas ao seu companheiro de exílio em Espanha e depois do Tarrafal, José Correia Pires. "Passadas, porém, as chamadas festas da cidade, para mim um pouco maça¬doras pelo trabalho extraordinário a fazer na oficina, cá estou a escrever-te para dizer que ainda vivo e me mantenho fiel àquela velha amizade que nos prende desde há bastantes anos. O pobre Guimarães, há 9 ou 10 meses que não trabalha e ultimamente a sua situação agravou-se com a doença da sua companheira, dos pulmões. Cá o vamos auxiliando conforme podemos, embora esse auxílio esteja longe de ser o que desejamos e ele precisa. Mas, infelizmente, não é ele o único a ser auxiliado e, por isso, o auxílio tem de ser dividido. Por aqui anda tudo alvoraçado com os acontecimentos eleiçoeiros. Certa¬mente que por aí acontecerá o mesmo. O próximo domingo será, certamente, mais um mar de desilusões para os entusiastas da mudança da actual situação política, pois não é de esperar que os simples boletins de voto sejam capazes de alterar a pósição política do país". (Porto, 18-7-1951). Menos de um ano depois falecia essa extraordinária figura humana que tivemos oportunidade de conhecer pessoalmente. Fomos portador de uma carta sua para Edgard Leuenroth, militante anar¬quista de São Paulo, Brasil.

Informação administrativa

Restrições de comunicação: Esta documentação é de acesso livre.

Restrições de comunicação: Documentação de uso livre em papel ou digital sem fins comerciais, desde que referida na sua fonte o uso limitado pelas normas internas da Biblioteca Nacional de Portugal, pela legislação aplicável à documentação de arquivo, direitos de autor e proteção de dados pessoais.

Nota de restrições sobre o acesso físico: Este fundo não tem restrições de acesso físico.

Nota técnica sobre o acesso: Este fundo não tem restrições de acesso técnico.

Fonte de aquisição: Edgar Rodrigues

Método de aquisição: Este conjunto documental foi depositado na BNP como parte integrante do AHS.

Informação sobre avaliação: No inventário AHS (1982), a coleção “Outros militantes” compreende 1 caixa(s)

Nota sobre originais/cópias: Espólio integralmente digitalizado

Materiais relacionados: José Rodrigues Reboredo

Citação: Portugal.Biblioteca Nacional/Arquivo Histórico-Social – espólio de José Rodrigues Reboredo.(BNP.61. cxs. 59)

Revisões a este registo: A cópia digital desta coleção foi organizada e descrita, no âmbito do projeto MOSCA (2010-2013)


Listagem de conteúdos de caixas e pastas


Documento ELPO: Elogio Postumo
Acessivel em:: http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/projecto/AHS_JPG/C_Militantes/CRJ%20Jose%20Rodrigues%20Reboredo/Elogio%20postumo/
Documento TAR: Tarrafal
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Documento COR: Correspondencia
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