Log In | Contacte-nos | Seleccionar Documentos (0 itens)
Navegar por: Colecções Conteúdos Digitais Assuntos Produtores Classificação

Santos, Clemente Vieira dos (1889-1960) | Arquivo Histórico-Social / Projecto MOSCA

Nome: Santos, Clemente Vieira dos (1889-1960)
Nome Completo: Clemente Vieira dos Santos


Nota Biográfica: O dia 26 de Julho de 1889 regista o nascimento na Cidade do Porto, de um dos mais inteligentes e cultos autodidactas que conheci, do anarquista Clemente Vieira dos Santos! Filho de gente humilde, trilhou os caminhos indicados a todos os filhos dos trabalhadores daquele tempo, rumo à oficina. Ali consegue aprender o ofício de tipógrafo, fez-se excelente profissional e tomou contacto com um mundo para ele desconhecido, as lutas sociais. E, frente a frente com essa realidade, juntou-se aos seus companheiros, associou-se nas entidades de classe, estudou ideias com raro aproveitamento e desenvolveu enorme capacidade jornalística escrevendo os seus artigos com os próprios tipos. Bem cedo foi participar do movimento operário. Lado a lado com os seus com-panheiros cultivou-se e passou a dar combate à classe patronal, à burguesia parasitária que via nos trabalhadores uma raça aparte, uma camada de gente em decomposição. Desde logo repeliu a hierarquia social, de classes, de títulos, de povos e de nações. Para ele um homem valia um homem e a sua terra era o universo. Em pouco tempo já colaborava na imprensa operária e anarquista desenvolvendo temas de considerável importância doutrinária, de valor teórico e prático, afrontando os poderosos com sua serenidade e os seus conhecimentos libertários. Em 1913, no vigor da juventude, entra em polémica com o escritor Manuel Ribeiro e Carlos Rates (mais tarde fundadores do PCP) no jornal Terra Livre, semanário anarquista dirigido pelo jornalista Pinto Quartim, publicado em Lisboa no dia 13 de Fevereiro daquele ano, fazendo ressaltar as suas convicções libertárias com a elegância que se lhe tornou peculiar quando escrevia, expôs brilhantemente os seus pontos de vista e conduziu a divergência a um desfecho amigável. De passo em passo, Clemente Vieira dos Santos atinge uma posição destacada no campo das ideias sociais e torna-se um jornalista capaz de actuar na primeira linha, tal era a rapidez e o brilho com que redigia e apresentava resoluções e moções nas assembleias e nos congressos, onde a forma e a ideia caminhavam juntas, convencendo sem maiores dificuldades os delegados chamados a votar. No 3.° Congresso Operário Nacional, iniciado a 1.° de Outubro de 1922, foi colocada em discussão e votação a tese "Relações Internacionais", incluindo proposta de adesão à Internacional Sindical Vermelha, um galho da árvore bolchevista que nunca deu frutos capazes de satisfazer sequer a gula dos seus filiados. Opondo-se aos objectivos da esquerda fascista de então, pró-I.S.V., que tentava bloquear a acção do movimento anarco-sindicalista e arrastá-lo para a órbita de Moscovo, aproveitando o calor dos debates, Clemente Vieira dos Santos redigiu e apresentou moção rejeitando adesão à 3.a Internacional Soviética, sendó a mesma imediatamente aprovada por 55 votos contra 22 e 8 abstenções, tal era o poder dos seus argumentos. Clemente Vieira dos Santos colaborou em quase toda a imprensa operária e libertária de Portugal e chegou a publicar artigos em jornais de outros países. Mas a sua maior actividade e colaboração literária e ideológica girou em torno dos semanários anarquistas do Porto, A Aurora e A Comuna, chegando neste último a ser redactor principal ao lado de António Alves Pereira, Abílio Ribeiro, Damião Castela, A. Ferreira da Silva, Marcelino Pedro, José Rodrigues Reboredo, Manuel Joaquim de Sousa, António Teixeira de Araújo, figuras de proa do movi¬mento libertário português. Clemente Vieira dos Santos escrevia, compondo, e compunha escrevendo, e se o deixassem fazia o »mal só com os seus artigos! Faleceu no dia 14 de Fevereiro de 1960, em Oliveira do Douro sem poder ver derrubado o regime fascista, contra o qual se bateu heroicamente desde a primeira hora, já que era intransigentemente contra todos os tipos de ditadura, qualquer que fosse o rótulo com que se disfarçassem. Nos últimos anos, na falta de jornais anarquistas, dava a sua colaboração brilhante, inteligente, libertária à Gazeta do Sul, de Montijo.
Fontes: E. Rodrigues (1982). A oposição Libertária em Portugal. 1939-1974.Lisboa.Sementeira.
Nota do Autor: E. Rodrigues (1982).






Page Generated in: 0.14 seconds (using 161 queries).
Using 10881000B of memory. (Peak of 11024976B.)

Powered by Archon Version 3.12
Copyright ©2010 The University of Illinois at Urbana-Champaign