Nome: Faria, Abílio (-1963)

Nome Completo: Abílio Faria

Nota Biográfica: "Militante anarquista de grande visão intelectual, tinha o mérito de agir sem grandes estardalhaços contra a ditadura fascista, quando o conhecemos. Pouco depois perdemo-lo de vista. É que ele teve de fugir da P.I.D.E. para não ser preso. Viviam-se os anos mais perigosos em Portugal, com a Gestapo de Salazar caçando anarquistas e todos os tipos de opositores em geral, estes últimos com menos intensidade. E foi nesse período agudo dos anos 1934-1940 que Abílio Faria, vendo-se espremido, perseguido, sem poder respirar convenientemente nos 89 mil quilómetros do território português, resolveu furar o cerco policial juntamente com Augusto José Godinho e alcançar a França. A sua fuga nunca foi contada completamente e creio que está perdido esse episódio anarquista. Mas sabe-se que com a sua residência cercada escapou da P.I.D.E., refugiou-se em casa de amigos de ideias e pouco depois conseguia embarcar clandestinamente num navio de carga, de nacionalidade francesa, que dera entrada poucos dias antes no Porto. A fuga e a viagem recambolesca só foi possível porque alguns tripulantes do navio também eram anarquistas. Em França, sem documentos, teve dificuldades, mas resistiu até que a guerra o veio surpreender sem documentos e como se recusasse a alistar-se para defender a França contra os invasores, foi colocado na fronteira, para ser entregue à Gestapo de Salazar. Preso, condenado, cumpriu a sua pena até ao final nas masmorras do Continente Português para, ao fim, ser posto em liberdade vigiada. Morreu em 1963 (?) e só então a P.I.D.E. o deixou em paz, mas o anarquismo, as ideias de Abílio Faria, estas continuaram a atormentar o ditador.

Fontes: E. Rodrigues (1982), A Oposição Libertária em Portugal 1939-1974, Lisboa, Sementeira.

Nota do Autor: E. Rodrigues (1982)