Aniceto (tio) | Arquivo Histórico-Social / Projecto MOSCA
Era cego de um olho, de nascença. Fora deixado na roda dum convento e educado aí, onde lhe deram o nome de Aniceto de Deus. Quando adulto assinava e fazia chamar-se Aniceto da Liberdade. Fazia propaganda no meio da "malta", em Alcácer e outros lugares da região. Era mais velho do que o Zé Quaresma.
Agricultor, natural de Atalaia, nas imediações de Montijo. Vinha frequentemente a Setúbal e nas suas estadias fazia contactos com os seus companheiros de ideias libertárias daquela cidade. Fora um grande propagandista no meio dos camponeses como ele, quase todos analfabetos, a quem falava das injustiças sociais e da igualdade porque lutavam os anarquistas. Lia Proudhon, Bakunine, Sebastião Faure, Jean Grave entre outras obras anarquistas e livros de naturismo, usando esses conhecimentos para orientar os seus companheiros no campo. Entre os camponeses e em Setúbal muitos o conheciam por "Aniceto da Liberdade", tal era o seu amor a esse princípio tão necessário à vida do homem como o ar que respira.