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Sousa, José Carlos de (1866(?)-1935) | Arquivo Histórico-Social / Projecto MOSCA

Nome: Sousa, José Carlos de (1866(?)-1935)
Nome Completo: José Carlos de Sousa


Nota Biográfica: Colaborador dos mais eficientes da imprensa operária e libertária, nunca aceitou fazer alguma coisa contra os seus princípios. Tendo possibilidades, pela sua vasta cultura, de abrir fácil caminho na vida e conseguir uma situação de estabilidade, ele subordinou sempre o seu interesse particular às conveniências da causa que defendia, o que lhe acarretou, como era natural, dificuldades de natureza vária, que lhe amarguraram o resto da existência. Não desaninou nunca, porém, e até aos últimos momentos de lucidez, quase já sem forças para se mover dentro de casa, ainda se dirigia para a secretária com a ânsia de terminar o trabalho que trazia entre mãos sobre o "Homem e o Universo"... Era tal o seu desejo de ser útil à sua ideia que considerava insignificante todo o concurso que lhe dava, lamentando por vezes não poder acompanhar a actividade que via a outros desenvolver. Infelizmente, já não pôde acabar a última parte do seu muito valiosíssimo estudo sobre o "Homem e o Universo" a qual era para ele a mais interessante, visto nela se propôr tratar com entusiasmo e exaltação da ideia anarquista  o único móbil de toda a sua acção, tanto como escritor como educador. Sim, porque José Carlos de Sousa nunca quis colaborar em qualquer publicação ou obra de carácter educativo, sem que primeiro se convencesse que daí algum prestígio ou benefício podia advir para o seu ideal. O seu objectivo como educador não era pois simplesmente divulgar conhecimentos, mas sim criar mentalidades libertas do pernicioso vírus autoritário o causador primacial dos males de que sofre presentemente a humanidade. As suas convicções sobre este ponto eram profundas e inabaláveis, mantendo-as indefectivelmente perante o cataclismo da conflagração europeia, assim como perante a questão russa, os dois maiores acontecimentos dos últimos tempos que fizeram hesitar alguns libertários e levaram até um certo número deles a renegar as suas concepções anteriores. José Carlos de Sousa porém continuou a ver no nefasto. princípio da autoridade a única causa das guerras, com os seus horrores e calamidades, assim como o responsável do estrangulamento da esperançosa revolução soviética. O Estado, sob todas as suas formas, continuou para ele a ser considerado um perigosíssimo obstáculo a, estorvar a marcha da humanidade para uma sociedade livre e igualitária, e por isso nunca o aceitou, nem a título provisório, nem com o rótulo de proletário, nesta atitude se conservando indiferente à mordacidade dalguns ex-camaradas que certamente, por se acharem impotentes para desfazer os seus argumentos, procuraram ridicularizá-lo com o depreciativo epíteto de "bonzo"... Colaborou activamente na Aurora (jornal e revista) e Comuna do Porto, Terra Livre, de Lisboa, assim como no diário A Batalha e seu Suplemento, e na A Sementeira. José Carlos de Sousa nascera nos anos distantes de 1866 (?) e faleceu em 5 de Abril de 1935. Tinha então 69 anos e sofria há tempos de uma penosa enfermidade que o levou ao túmulo, resistindo e teimando em terminar uma obra que deixou incompleta. Com a sua morte, a filha ofereceu todos os seus apontamentos, seu acervo literário e libertário, à Universidade Popular Portuguesa e com o fim desta, à "Voz do Operário". Agora, com a intervenção dos bolchevistas a partir de 1974 naquela entidade, só resta perguntar: sobrou alguma coisa anarquista para ler?
Fontes: E. Rodrigues (1982). A oposição Libertária em Portugal. 1939-1974. Lisboa. Sementeira.
Nota do Autor: E. Rodrigues (1982)






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