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Lima, João Evangelista de Campos (1877-1956) | Arquivo Histórico-Social / Projecto MOSCA

Nome: Lima, João Evangelista de Campos (1877-1956)
Nome Completo: João Evangelista de Campos Lima


Nota Biográfica:

Nasceu nos anos distantes de 1877 na cidade do Porto João Evangelista de Campos Lima, ou Campos Lima como assinava. Ainda criança, foi levado para Barcelos e depois para Braga, onde concluiu o curso liceal. Bem jovem, fora tocado pelas injustiças sociais e percebeu a desigualdade e aos 17 anos, já em Coimbra, entra num comício de trabalhadores no bairro dos Olivais, discursando ao lado dos precursores do movimento operário em Portugal, Ernesto da Silva e Azedo Gneco. Aos 20 anos matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de onde foi expulso em 1907, no mesmo ano em que se formara advo-gado, o que o impediu de doutorar-se. A sua expulsão decorreu da sua parti-cipação na greve académica naquele ano, contra o ditador João Franco. Um ano antes, 1906, visitando Paris, ali travou conhecimento com anarquistas como Carlos Malato, o escritor romeno Janvion, Paul Pigassou, Jean Grave. Mas o que mais o entusiasmou foi a Comuna escolar La Ruche, de Sebastião Faure. De regresso a Portugal, tentou em colaboração com Tomás da Fonseca, Lopes de Oliveira e outros. fundar uma Escola Livre de Ensino Integral. Em 1908 principiou a advogar, mas nunca aceitou uma causa onde tivesse de acusar. Só uma vez acusou um agente de polícia que assassinara um operário. Como escritor anarquista foi dos mais produtivos e dos mais modestos, e como advogado defendeu heroicamente os trabalhadores e os anarquistas presos por delitos de opinião. Para melhor semear as suas ideias, divulgar os seus pensamentos o anarquista e advogado dos trabalhadores perseguidos fundou e dirigiu a Editora Spartacus, que publicou obras de real valor, como A História do Movimento Maknovista de Pedro Archinoff em 1925. Professor em escolas industriais e, interino, num Liceu, continuou a sua vida de propagandista, sempre interessado nos problemas sociais, e combateu alguns governos republicanos, com a mesma independência com que combatera os monárquicos, embora se entendesse com os democratas, na oposição e, sobretudo, quando via a República ameaçada. Foi amigo dos presidentes Manuel de Arriaga, António José de Almeida, Bernardino Machado e Teixeira Gomes; mas nunca solicitou empregos, benesses, mercês honoríficas, recusando ser deputado, governador civil e até ministro da Justiça, depois do movimento de 19 de Outubro. Apenas consentiu em fazer parte de várias comissões de estudos, como a encarregada da reforma da lei do inquilinato e dos organizadores do Congresso Internacional do Livre Pensamento, em cujos trabalhos tomou parte. A sua actividade jornalística foi grande, colaborando em muitos jornais e revistas do país e do estrangeiro. Fundou e dirigiu a revista Cultura e foi director dos diários Boa Nova e Imprensa de Lisboa, o único jornal diário que se publicava no período da greve dos jornalistas. Trabalhou, como redactor nos jornais O Século, O Mundo, A Batalha, Pátria e Diário de Notícias e foi articulista primoroso, versando os mais diversos problemas nacionais e internacionais.

Como escritor, em verso e prosa, é vasta e variada a sua obra, que passamos a enumerar: Retalhos do Coração, A Monja, Os Reis Magos, O Rei, O Regicida, Notas de um Alucinado, O Amor e a Vida, Gente Devota, A Quebra, Mulher Perdida, O Romance do Amor, Os meus dez dias em Paris, A Questão da Universidade (depoimentos de um estudante expulso); O Reino da Traulitdnia (25 dias de reacção monárquica), A Ceia dos Pobres, Ar Livre, O Nosso Amor, Um Herói, A Monja e os Católicos, Alma Rubra, A Gafanha, Nova Crença, Da Responsabilidade, A Questão Social, O Movimento Operário em Portugal, Carácter Jurídico dos Funcionários Públicos, O Estado e a Evolução do Direito, A Revolução em Portugal, A Teoria Libertária ou Anarquismo e Gramática Internacional. Deixou inéditos, os livros Musa Antiga, O Crime, Serros da Gleba e Camaradas. Campos Lima faleceu a 15 de Março de 1956 com 78 anos de idade na rua Actor Taborda, 27, em Lisboa, sem ver o fim da ditadura fascista de Salazar. Ao seu enterro compareceram figuras da mais alta expressão intelectual como Julião Quintinha, Artur Inez, Manuel Alpedrinha, João Pedro dos Santos, que representava os Srs. drs. José Domingues dos Santos, antigo Presidente do Conselho, e Nuno Simões, antigo ministro; drs. Mário Azevedo Gomes, Constantino Mendes, Abílio Mendes, Vitorino Nemésio, Vasco B. Queirós, Matos Cid, Alexandre Barbas, João de Barros, Luís Carvalho e Oliveira, Ramón La Féria, Paradela de Oliveira, Jacinto Simões, Hernâni Cidade, Mário Ferreira, António José Saraiva, Correia da Costa e Arlindo Vicente; jornalistas: Pinto Quartim e esposa, Cristiano Lima, Artur Fernandes, César dos Santos, César Moutinho, Manuel Nunes, Eduardo Frias; pintores Abel Manta e Guilherme Filipe; escritores Ferreira de Castro, Assis Esperança, Tomás da Fonseca, Alexandre Vieira, comandante Melo Rodrigues, Artur Maldonado de Freitas, dr. José António Cardoso Viana, José de Brito, Joaquim Cardoso, Quintino Barros, Jaime Rebelo, Raúl Martins, Mário Maurício, Alberto Moor, Manuel James, Teófilo Farinha, dr. Armindo Rodrigues, Augusto da Silva Nobre, José Matias Campos, Joaquim Monteiro, Eduardo Andrade da Silva, José Lage, Benjamim Lilaia e Porfírio Cartaxo Abrantes. A Sociedade A Voz do Operário estava representada por muitos dos seus associados, entre os quais o presidente da sua assembleia geral, sr. José Antunes.

Fontes: E. Rodrigues (1982), A Oposição Libertária em Portugal 1939-1974, Lisboa, Sementeira.
Nota do Autor: E. Rodrigues, 1982






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