Projecto MOSCA

  • Aumentar o tamanho da fonte
  • Tamanho padrão da fonte
  • Diminuir tamanho da fonte

Arquivo Histórico-Social



Índice

 

Constituição:

O Arquivo Histórico-Social foi constituído no Centro de Estudos Libertários (C.E.L., Lisboa) e reúne espólios de antigos militantes sindicalistas e libertários, bem como das suas organizações específicas (grupos acratas, uniões e federações), sindicais (associações de classe, sindicatos únicos, uniões locais, federações, congressos operários e Confederação Geral do Trabalho) e culturais[1].

Esses espólios reúnem documentação sobrevivente de antigas organizações que foi salvaguardada e conservada durante o longo período de clandestinidade por militantes sociais juntamente com os seus próprios documentos. Com essa iniciativa importava salvaguardar a memória de um movimento social que ficara esquecido, mal compreendido, se não vilipendiado, volvido perto de meio século de ditadura militar filofascista.

Aquisições:

As primeiras operações arquivísticas limitaram-se inicialmente ao registo sumário sequencial das doações e incorporações que foram sendo realizadas por militantes que traziam consigo documentos de arquivo, monografias e publicações periódicas juntamente com o seu espólio pessoal que, por vezes, incluía textos próprios, compilações de recortes de imprensa, fotografias e objectos museais.

Alguns velhos militantes, como Emídio Santana, Edgar Rodrigues, entre outros, e jovens académicos, como João Freire, participaram activamente neste processo, contactando ainda com outros antigos activistas em busca de documentos, arquivos e testemunhos. Foram, no entanto, infrutíferas todas as diligências efectuadas junto das entidades responsáveis pela tutela dos arquivos da PIDE para obter a documentação apreendida pela polícia política aos organismos operários e anarquistas[2]. Deste modo, a aquisição foi frequentemente inseparável do esforço empenhado de documentar movimentos, iniciativas, acções, ideias e organizações.

O A.H.S. define-se desde a sua constituição como um arquivo aberto. Assim, já depois de realizado o Inventário de 1991, foram realizadas novas doações por Ana Maria Castelhano (espólio Mário Castelhano, 4 caixas de arquivo)[3], por Margarida Silva[4] (1 caixa), e por João Freire, o qual procedeu a entregas sucessivas do seu espólio de militante e académico desde 1997 até 2007 (51 caixas no total).

História custodial:

O Arquivo Histórico-Social foi depositado na Biblioteca Nacional de Portugal por contrato de 28 de Abril de 1980 e, em Julho de 1985, foi doado à mesma entidade, passando a integrar o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, recebendo desde então novas doações.

Dimensão:

195 caixas de arquivo (documentação e objectos museais).

+ 1562 monografias

+ 315 títulos de publicações periódicas portuguesas e estrangeiras

Documentos e artefactos:

O Arquivo Histórico-Social é constituído por:

A. Documentos de arquivo com graus diferenciados de “organicidade”: inventários, livros de actas, correspondência, circulares, manifestos, registos de sócios, documentos administrativos e de contabilidade, etc.

B. Documentos pessoais: correspondência, textos manuscritos e impressos recortes de imprensa, fotografias, etc.

C. Livros e brochuras impressas de diversa proveniência relativos ao ideário sindicalista revolucionário e libertário que se encontravam na posse de militantes

D. Jornais e outras publicações periódicas impressas, ciclostiladas e manuscritas relativos ao universo A.H.S.

E. Fotografias em papel e objectos museais associados a antigos fundos e espólios pessoais: cartazes, bandeiras, faixas ferramentas de trabalho, obras plásticas (desenhos e pinturas), materiais de administração (carimbos, máquina de escrever, etc.) e pessoais (armas, máquina fotográfica, carteiras, etc.)

F. Registos audiomagnéticos (audiocassetes) (37), registos vídeo (formato beta)(2), filme (imagens em movimento), negativos em chapas de vidro (1) e em filme, registos digitais (bases de dados em formato DOS/DBASE II).

Organização e instalação:

O A.H.S. foi organizado, inventariado e descrito entre 1982 e 1991. Procedeu-se a uma listagem sumária das espécies doadas posteriormente.

As espécies monográficas foram separadas do A.H.S. e sujeitas a um tratamento documental diferenciado. Apenas uma parte delas integra o catálogo BNP.

As publicações periódicas foram separadas do A.H.S. e sujeitas a tratamento diferenciado.

Os objectos museais, bem como os documentos de registo magnético ou químico encontram-se instalados em caixas junto com o restante espólio da documentação de arquivo A.H.S.

A documentação de arquivo integrante do A.H.S. foi até 1991 foi organizada nas seguintes áreas e núcleos:

- Militantes que se divide em núcleos por militante (agregando espólios documentais por militante mas não necessariamente produzida pelos próprios)

- Organização e acção que se divide por núcleos relativos a organizações (C.G.T., Juventudes Sindicalistas, etc.) ou a temas (cooperativismo, educação e cultura, presos e solidariedade etc

- Iconográfico e museológico que se divide por secções temáticas (ferramentas e instrumentos de trabalho, armas, carimbos e matrizes, obras de arte, audiovisual e informático, etc.)

Instrumentos de pesquisa:

O Inventário lista sumariamente o conteúdo das caixas (numeração sequencial) de acordo com aquele quadro de classificação. No interior das caixas podem encontrar-se descrições arquivísticas sumárias manuscritas de grupos de documentos divididos por pastas em papel.

Descarregue a cópia do Inventário A.H.S (1991) em formato PDF (6.29 Mb) MOSCA:SIA

A primeira referência aos militantes que doaram os seus espólios ao A.H.S. encontra-se no Catálogo 1 (Lisboa, AHS/CEL, 1983) que lista igualmente as espécies bibliográficas e descreve 1054 monografias.

Descarregue a cópia do Catálogo do Arquivo Histórico-Social (Volume 1) em formato PDF (7.65 Mb) MOSCA:SIA

O Catálogo 2: a memória do movimento operário e libertário antigo, Lisboa, AHS/CEL, 1985 descreve as restantes monografias não incluídas no número anterior (cerca de 500) e 315 títulos de publicações periódicas.

Descarregue a cópia do Catálogo do Arquivo Histórico-Social (Volume 2) em formato PDF (7.65 Mb) MOSCA:SIA

 

A.H.S. & MOSCA

O A.H.S. foi parcialmente digitalizado no âmbito do Projecto MOSCA (2011-2013) e passou a integrar o seu Sistema de Informação de Arquivo (MOSCA:SIA). Esse arquivo digital foi organizado, descrito, classificado e indexado para apoio dos investigadores, estudiosos e cidadãos. O sistema recupera informação de forma facilitar a localização da documentação física existente na BNP.

A descrição das funcionalidades do MOSCA:SIA é feito noutro documento.

Teses

Teses de doutoramento e de mestrado associadas parcial ou integramente pelo A.H.S.

Freire, João Carlos de Oliveira Moreira – Ideologia, ofício e práticas sociais: o anarquismo e o operariado em Portugal. -   Lisboa : [s.n.], 1988. - 2 v.  (1o v. : 593 p. . - 2o v. : 630 p., [1] p.); 29 cm; Tese de doutoramento em Sociologia apresentada à Univ. Técnica de Lisboa.

Esta tese foi parcialmente publicada com o título Anarquistas e operários: ideologia, ofício e práticas sociais (Porto : Afrontamento, D.L. 1992. - 439, [6] p. : il. ; 24 cm; col. Biblioteca das ciências do homem. Sociologia, epistemologia ; 13)

Guimarães, Paulo Eduardo Marques – Indústria e conflito no meio rural: os mineiros alentejanos dos finais da Monarquia ao Estado Novo.- Lisboa : [s.n.], 1994. - 410, [5] f. : il. ; 30 cm + errata (1 f.). - Tese mestr. Hist. dos Séculos XIX e XX, FCSH/ Univ. Nova de Lisboa, 1994.

Publicada com o título Indústria e conflito no meio rural: os mineiros alentejanos (1858-1938), Lisboa: Cidehus, Universidade de Évora; Colibri, 2001. – 363 pp.

Freitas, Filipa – Les Jeunesses Syndicalistes au Portugal (1913-1926). Paris, 2007. – Tese de doutoramento em História pela École des Hautes Études en Sciences Sociales.

 

Paulo Guimarães

Setúbal, 21 de Janeiro de 2013

 

[1] Veja-se a definição do “âmbito de acção” do A.H.S definido seu Catálogo 1, Lisboa, AHS/CEL, 1983, pp. 9 e 10.

[2] M. Alexandre Lousada, “Apresentação”, Arquivo Histórico-Social. Inventário, Lisboa, BN, 1991, p.5 (polic.).

[3] Esposa de Mário Amadeu Duarte Castelhano, filho de Mário Castelhano, que procedeu à execução da última vontade do seu marido. Nova doação seria realizada em 2004, constituída em grande parte por objectos e documentos pessoais (BNP/N61.AHS-Cx.144).

[4] Filha de Alberto Pedro da Silva. Espólio de interesse para o movimento esperantista português (BNP/N61/AHS-Cx.141).