Projecto MOSCA

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Confederação Geral do Trabalho e outros organismos sindicais (edifício sede), c. 1976 (BNP/AHS)

 

Roteiros da Memória Urbana – Século XX – Lisboa, Porto e Setúbal

 

Num país como Portugal, os movimentos sociais da modernidade surgiram como fenómenos de raiz urbana, tendendo embora a estender-se para outros lugares de povoamento. A cidade foi, assim, o palco e o espaço de acção fundamental do movimento social do operariado, no século XX. Nas suas ruas e locais de encontro se discutiu em grupo, influenciaram consciências, forjaram acções práticas e desenvolveram lutas de grande impacto. Não apenas relativas às carências e aspirações mais imediatas das classes baixas, mas também transbordando para outros campos constituintes de novas culturas, alicerçando os fundamentos de uma verdadeira contra-sociedade que, no momento oportuno (a “revolução”), viesse substituir-se às práticas sociais classistas e elitistas alimentadas pelos gostos e interesses da velha aristocracia e das ambiciosas burguesias.

De entre outros possíveis, seleccionámos os casos de Lisboa, Porto e Setúbal para construirmos um instrumento bibliográfico de recuperação e preservação da memória, sob a forma de Roteiro, passível de ser lido como fonte informativa para públicos sensíveis a estas temáticas e, ao mesmo tempo, capaz de servir como Guia para deambulações pedestres nos meandros dessa cidades, seja no seu próprio casco histórico, seja em antigas periferias hoje esquecidas ou engolidas por maciças urbanizações posteriores.

Além das referências a edificações que testemunham episódios passados deste movimento social (a que chamámos “locais com história”) através de itinerários pedestres percorríveis – com “mapas de pontos” que ajudam a situar estas localizações no espaço urbano –, estes três livros estão organizados em várias secções subsequentes. A dos militantes é composta por sucintas notas biográficas daqueles que mais se distinguiram em cada uma destas cidades. Uma outra secção exibe a selecção dos grupos e associações de maior importância local (ou nacional), de entre os 923 recenseados que constituíram as instituições privilegiadas de inserção popular e de difusão de ideias do movimento. A secção dedicada aos sindicatos de trabalhadores consta geralmente apenas de uma referência sucinta ao número destas agremiações de defesa económica e profissional repertoriadas para o período de 1900-1933 que tiveram a sede naquelas urbes. Há ainda a secção que regista os jornais e revistas ali sedeados que, pelo seu conteúdo, podem ser identificados com o movimento social crítico e alternativo. Uma cronologia indica os principais acontecimentos históricos com impacto, directo ou indirecto na vida dos habitantes, quer sejam factos relativos ao próprio movimento social, quer à vida pública portuguesa, quer ainda a grandes acontecimentos no estrangeiro com repercussão internacional.

A responsabilidade autoral da organização destes 3 livros é de Maria Alexandre Lousada e João Freire, cuja saída está prevista para o mês de Abril de 2013, pela Editora Colibri.