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Aníbal Dantas (1897-1963) | Arquivo Histórico-Social

Nome: Aníbal Dantas (1897-1963)


Nota Biográfica: Aníbal Dantas nasceu a 9 de Maio de 1897, na freguesia do Bonfim da Cidade do Porto. Faleceu a 14 de Junho de 1963 nesta mesma Cidade. Iniciou a sua vida profissional como aprendiz de maleiro aos onze anos de idade. Na sua juventude fez parte da organização da Juventude Sindicalista onde exerceu várias funções e onde formou a sua mentalidade revolucionária. Dentro do Sindicato respectivo desenvolveu uma consciente actividade e representou-o, várias vezes, não só na Câmara Sindical do Trabalho como em outras organizações. Preso em 1 de Outubro de 1930, em sua casa, pelas 3 horas da manhã, foi levado para Lisboa nesse mesmo dia, onde se manteve no Aljube até 7 do mesmo mês, sendo então transferido para o Forte de S. Julião da Barra. Em 8 de Outubro era embarcado no vapor Lima na praia de Paço de Arcos, juntamente com Fernando de Oliveira Barros, José Silva, Domingos Lopes Bibi, Anastácio Ramos, Manuel João e outros militantes do Porto e de Lisboa. Desembarcado nos Açores, foi-lhe fixada residência na Ilha do Pico bem como a outros companheiros de luta, ao todo quatorze, onde se encontrava também Mário Castelhano. Ali se conservam até Março de 1931, sendo nesta altura transferidos para a Ilha da Madeira, a fim de novamente embarcarem no Vapor Guiné rumo a Cabo Verde. Entretanto rebenta a revolta da Madeira, na qual participam. A revolta fracassou e Aníbal Dantas é obrigado a ocultar-se na ilha, embarca clandestinamente no navio Niassa, como aparece relatado no livro de Mário Castelhano: Quatro Anos De Deportação! Dada a impossibilidade de viver em Portugal, exilou-se em Espanha, onde se conservou três anos e meio rodeado das maiores dificuldades. Entretanto a situação em Espanha agudiza-se e não tem outra alternativa senão regressar a Portugal onde se mantém alguns anos na clandestinidade. Durante a sua estadia em Espanha acompanhou sempre as actividades sindicais e revolucionárias. Manteve-se sempre fiel aos seus ideais pelos quais sempre lutou. Em 1946, depois de uma reunião numa praia ao norte de Leixões, com Zacarias de Lima, fomos ao encontro de José Rodrigues Reboredo num pinhal que fazia a estrema de Matosinhos com o Porto, a convite de Augusto Godinho, e quem nos apareceu foi Aníbal Dantas. Este, mais aberto do que o Zacarias, menos tímido aparentemente, também quase só quis ouvir, após as apresentações e as desculpas de que Reboredo não pudera vir. Depois disso nunca mais nos vimos e as "reuniões" também não se realizaram mais. Na ocasião — e essa impressão dura até hoje — é de que tanto o Zacarias quanto o Dantas esperavam encontrar militantes experientes e em vez disso depararam com 5 "rapazes curiosos", precisando de estudar ideias e saíram decepcionados, sem fé nos jovens, para nunca mais voltar. É claro que havia razões bastantes para se preocupar. Os dois eram bem conhecidos da P.I.D.E. marcados e nós obscuros "principiantes", desconhecidos deles, mas alguma coisa nos intrigou: nem mesmo o apresentador, um velho militante, tão vivido como eles, Augusto Godinho, valeu como nosso fiador. Já no Rio de Janeiro mandei jornais com artigos de nossa autoria e o Livro na Inquisição do Salazar, para Zacarias de Lima e Aníbal Dantas, mas esses dois militantes anarquistas nunca conseguiram identificar o autor. Não foram capazes de lembrar que ali estava diante deles — com seus escritos — um dos jovens em quem não tinham acreditado...
Fontes: E. Rodrigues (1982), A Oposição Libertária em Portugal 1939-1974, Lisboa, Sementeira.
Nota do Autor: E. Rodrigues (1982)