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Castelhano, Mário (1896-1940) | Arquivo Histórico-Social

Nome: Castelhano, Mário (1896-1940)
Nome Completo: Mário Castelhano


História da Família: Pode dizer-se que foi um sindicalista e um anarquista dos mais influentes em Portugal. A sua figura humana, a sua inteligência e o seu poder conciliador, davam-lhe vantagens que poucos possuíam. Por isso, tornou-se um dos mais acatados anarco-sindicalistas e diante de quem até os adversários se curvavam. Nascido em Lisboa no ano de 1896, começou a trabalhar aos 14 anos na Companhia dos Caminhos de Ferro, a C.P.. O seu contacto com as ideias foi rápido. A exploração capitalista agredia todos os trabalhadores na sua fúria por mais e mais lucros, à custa da miséria e da fome do proletariado. A acção de Mário Castelhano começou na C.P., onde se destacaram também Manuel Henrique Rijo, Miguel Correia e outros, nas greves de 1911, 1918 e 1920, onde desponta como elemento de grande capacidade organizativa. Por isso foi demitido, mas nunca deixou de participar do sindicato e depois da Federação Ferroviária, por insistência dos seus companheiros. Em sua missão, representou a classe dos ferroviários e como delegado da Federação dos Ferroviários ingressou, em 1926, no Comité Confederai da C.G.T., acabando por ser nomeado redactor principal do diário dos trabalhadores, A Ba-talha. Anteriormente tinha sido redactor principal dos jornais O Ferroviário e A Federação Ferroviária, tarefas que desempenhou com zelo e idealismo. Preso e deportado em 15 de Novembro de 1926 com mais 22 companheiros, é deportado para Angola, onde fixará moradia na Vila Nova de Seles. Transferido, com seus companheiros, em 1930, para a Ilha do Pico (Açores), consegue escapar-se para a Ilha da Madeira, no instante em que rebentava a revolta de Março de 1931, de cujo movimento participa com Fernando Barros e outros companheiros, conseguindo alcançar Lisboa. Nessa oportunidade preparava-se a greve geral insurreccional de 18 de Janeiro de 1934 e Mário Castelhano vai dar o seu concurso ao movimento, aca-bando por ser preso e conduzido à Casa de Reclusão da Trafaria, antes de sua eclosão. Depois de muito torturado, foi levado para a fortaleza de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores e em 23 de Outubro de 1936 segue, com mais 70 companheiros, para o Campo de Concentração do Tarrafal. Atacado por febre intestinal, sem tratamento, abandonado pelo médico passador de óbitos Esmeraldo Pais Pratas, que não lhe receitou medicamentos nem permitiu que os seus companheiros de deportação os comprassem por conta própria ou lhe prestassem assistência, morreu Mário Duarte Castelhano, no dia 12 de Outubro de 1940. Nos seus 30 anos de lutas e sofrimentos, dentro e fora da prisão, desenvolveu a mais intensa propaganda libertária e defendeu heroicamente o humanismo anarquista. Morreu aos 44 anos de idade, quando ainda podia prestar relevantes serviços à causa acrata, ou melhor dito, teve a sua morte antecipada pelos algozes sala-zarentos do Tarrafal, mas o ditador também morreu, a ditadura caíu em 1974 e o anarquismo e Mário Castelhano vivem na acção e na lembrança dos seus compa-nheiros, da família libertária! Deixou dois trabalhos escritos que registamos: Os meios de Transportes e a Transformação Social, (1932) e Quatro anos de Deportação, publicada pelo seu filho em 1975.
Fontes: E. Rodrigues (1982). A oposição Libertária em Portugal. 1939-1974. Lisboa. Sementeira.
Nota do Autor: E. Rodrigues (1982)


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